quinta-feira, dezembro 22, 2005

All work and no play makes Gedilha a dull girl.

All work and no play makes Gedilha a dull girl. All work and no play makes Gedilha a dull girl. All work and no play makes Gedilha a dull girl. All work and no play makes Gedilha a dull girl. All work and no play makes Gedilha a dull girl. All work and no play makes Gedilha a dull girl.

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All work and no play makes Gedilha a dull girl.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Uma idéia

Existem duas pessoas batendo ao mesmo tempo em uma porta. Uma de cada lado da porta. Nenhuma delas sabe se está do lado de dentro ou do lado de fora.
Dois finais possíveis: num deles a porta nunca se abre; no outro a porta se abre mas as duas pessoas já estão mortas. A primeira estória poderia ser uma parábola da dificuldade de comunicação ou do abismo que é o outro; a segunda dos perigos do tempo e a moral pode ser que Deus é onipotente, mas o homem deve buscar os meios de ser ajudado.

-------------XXX-------------

A idéia é de Juscelino Bezerra, o primeiro parágrafo é dele. Ele queria fazer um paradoxo no seminário, eu roubei a folha e fiz o segundo parágrafo.

ps.: Primeiro pensei em Kafka, mas Hawthorne se encaixou melhor.

sábado, dezembro 03, 2005

A outra, a mesma

Lá fora estava sol, mas ela saiu mesmo assim. Fazia sol e estava quente e ela não gostava da claridade e do calor. Nunca gostou de sol e isso, ela achava, tinha sido o motivo. Porque ele gostava de sol, gostava de luz e calor. Tinha sido por isso. Bom, pelo menos esse era um dos motivos, disso ela tinha certeza. Um dos principais motivos. Por isso, hoje, com o sol de tarde de verão no Rio de Janeiro, ela pôs os óculos escuros, o chapéu, e saiu da escuridão fresca do apartamento para o firno insuportável das ruas.
Andava rápido, decidida, a passos largos e sem olhar para os lados. Então se deu conta de que não tinha nenhum lugar para ir nem nada para fazer. Foi diminuindo o passo até parar. "O que as pessoas fazem na rua a essa hora?" pensou. Olhou em volta. Estava no seu bairro mas não reconheceu ninguém.
Hesitou, parada no meio da calçada, percebeu as pessoas a olharem curiosas. "Ninguém fica parado no meio da calçada" pensou. Escolheu uma direção e pôs-se a andar. "Quando em Roma, faça como os romanos." Resolveu que esse seria seu novo lema e com isso em mente, observava as pessoas. Essas pessoas que passeam no sol nas tardes de sábado, com pouca roupa e de chinelo. Alguns levavam cachorros ou andavam de bicicleta ou patins. Uns tomavam sorvete e muitos pareciam vir da praia.
Aos poucos acabou tomando uma nova decisão. Decidiu que ela seria uma daquelas pessoas que gostam de passear no sol em tardes de verão. Tirou os óculos escuros e tomou um picolé. Num camelô comprou uma canga. "Amanhã deve fazer sol de novo" pensou, "amanhã eu vou à praia."
Pensou que o dia estava mesmo lindo e decidiu só voltar para casa quando escurecesse. Mais tarde, ao telefone, estranhou o espanto de uma amiga que dizia:
-- Mas você não gosta de praia!
-- Não, eu sempre gostei.
-- É?
-- Eu sempre gostei.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Cidade

Quando eu ando de ônibus, e eu ando bastante de ônibus, é bom, o coletivo é bom, quando eu ando de ônibus na janela eu olho os topos das árvores com as folhinhas, ou os topos dos prédios e as fachadas das casas, ou as caras das pessoas e as cores das roupas.
Eu presto atenção no desenhos das folhas, nos prédios que têm plantas no terraço, nas janelas e portas das casas, nas velhinhas e nos mendigos. Às vezes, mas só às vezes, eu olho as nuvens.
Eu conheço a cidade por onde eu passo de ônibus em tantos detalhes e eu sei que é a mesma cidade, mas a que você vê é outra.

-------------XXX-------------

A cidade dos mendigos, da gente que mora nas ruas, essa é outra. E eu não posso ver essa, assim como eles não compreendem aquela. Porque ver é compreender. O selvagem não vê a bíblia do missionário e para o missionário, todos os colares são iguais.
Pensei que eles, nas ruas, eles estão dentro da cidade, eles vêem a cidade de de dentro; nós estamos fora e a vemos de fora. (Percebi depois que isso é uma falácia: a cidade é tudo.)
Pensei que eles também me vêem.
Pensei naquela música. "I'll never know you like you know yourself; you'll never know me like I know myself."
Peecebi o que está nas entrelinhas: eu nunca vou me conhecer como você me conhece; você nunca vai se conhecer como eu te conheço.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Diálogos

-- Eu gosto de diálogos.
-- Ahn?
-- Eu disse que eu gosto de diálogos.
-- Ah - pensou por um instante. - Quê?
-- Diálogos, porra!
-- Que que tem diálogos?
-- Eu gosto!
-- Ah tá.

------------XXX------------

-- Então você gosta de diálogos?
-- Foi o que eu disse.
-- Como assim?
-- Como assim o quê?
-- Como assim diálogos?
-- Diálogos, ué. Um fala o outro responde. Diálogos. Não sabe o que é não?

------------XXX------------

-- Eu acho que a gente não combina.
-- Ahn? Por quê?!
-- É que eu gosto de diálogos, compreende?
-- Ah, sei... e?
-- E eu acho que você gosta é de monólogo. Não vai dar certo.
-- Quê?
-- Tchau, foi bom te conhecer.

quinta-feira, novembro 24, 2005

A estante

Empurrou a cadeira até a estante, subiu, ficou na ponta dos pés. Não, ainda não alcançava. Resolveu subir na própria estante. Começou a escalar as prateleiras, andar por andar, evitando os bibelôs e porta-retratos que ficavam na frente dos livros. Ela suba mais e mais alto e suas mãos alcançaram o andar que ela buscava, o livro estava lá, mas subir era tão fácil e ela continuou subindo.

"Estranho" pensou, "a estante parecia menor vista do chão." Mas então ela se deu conta de que esse pensamento era falso: ela nunca enxergou com clareza o final da estante. E já que estava mesmo subindo -- e que subir era tão fácil -- decidiu chegar ao final. Pensou que tinha que haver um final, mas já estava subindo há tanto tempo e nem sinal dele.

Ouviu de repente um barulho no corredor e se assustou porque não era permitido subir na estante. Ela deveria ter usado a escada para alcançar o livro. O barulho ficava mais perto e, olhando para baixo, pensou que não estava assim tão alto. Achou que poderia pular. Hesitou com medo de machucar as pernas, mas os passos no corredor ficavam mais e mais próximos e ela se lembrou da punição e saltou.

Na queda via passar a estante e olhando agora para baixo, notou que não conseguia ver o chão. "Mas deve haver um chão" raciocinou "porque eu vim de lá." Então ela se deu conta de que esse pensamento era falso: ela veio do topo da estante. Mas já que estava mesmo caindo -- e cair era tão fácil -- decidiu cair até o chão, se é que havia um.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Parte 5

-- Que você tem?
-- Nada - respondi irritado.
-- Tá irritado?
-- Você vai sair?
-- É aniversário da minha irmã. Eu te falei.
É verdade, ele tinha falado.
-- Você quer vir?
E aí me deu remorso porque ele queria mesmo que eu fosse. Queria mesmo. Ia ficar feliz de aparecer comigo. Fiquei imaginando a mãe dele, a família dele. De onde ele veio.
-- Melhor não - respondi ajeitando a camisa dele (na verdade minha). - Vai lá.
-- Eu volto cedo. Daí a gente podia ver o filme. Senão paga multa.
Fiz que sim. Ele me olhou por um instante e depois saiu. Ele sempre me olhava por um instante antes de sair. Como se estivesse esperando alguma coisa. Eu nem lembro mais se eu só fingia ou se eu não sabia mesmo o que era.

* * *

O cachorro já nem dormia mais entre a gente, era eu que ele abraçava. Mas mesmo com isso tudo, eu avitava pensar nisso tudo, eu estava feliz. E agora isso, esse sujeito da praia. O que foi essa pulga, esse aperto? Agora eu tinha que pensar, eu era obrigado a pensar.

* * *

-- Você tá roubando!
-- O quê? - Eu com a maior cara de cínico. - Imagina!
-- Não tinha um coringa aqui?
Nesse dia estava frio, ele fazendo chocolate quente na cozinha, os pães de queijo no forno. Chamei:
-- Vamos jogar buraco?
Fui eu que ensinei ele a jogar, mas ele achou o jogo chato então resolveu que quem perdesse tinha que pagar uma prenda. Ainda se diz "pagar prenda"?
-- Cadê o coringa? - ele insistiu.
-- Não tinha coringa, é aqui que tem coringa.
-- Ah - ele fez uma cara desapontada.
Às vezes eu deixava ele ganhar, dessa vez ele ganhou de verdade. Mesmo eu roubando o coringa.
-- Você vai ter que... - olhou pra mim. Fez cara de mau. Começou a rir. Ficou sério e fez cara de mau de novo. Não agüentou e riu de novo.
-- Fala logo!
-- Me vencer num duelo de samurai!
-- Quê?!
Agora, que situação ridícula. Eu com quase quarenta anos e fazendo luta de espada com espeto de churrasco, fingindo ser samurai. Nem sei como samurai luta!
-- Oh! - ele se jogou no chão feito morto, a língua pra fora.
-- Venci! Venci!

* * *

-- Que você tem?
-- Ahn? - fiz.
-- Que você tem? - ele insitiu.
-- Nada.
Ficou me olhando, a testa franzida, desconfiado. A testa franzida, os olhos grandes, a unha roxa no pé, o short verde largo, era meu aquele short, a cicatriz de queimado no peito, o cabelo despenteado, o bandeide no dedo.
-- Que que você me olha tanto?
Eu ri.
-- Aconteceu alguma coisa?
Isso foi na cama, ele sentado na ponta da cama, eu encostado na cabeceira. Era uma dessas tardes de sábado.
-- Vem pra cá - disse.
Ele veio. Sentou do meu lado, passei o braço em volta dos seus ombros e ele se recostou um pouco em mim. Ficamos algum tempo olhando pras paredes. Acho que eu lhe fiz um cafuné, não lembro. Talvez conversamos alguma bobagem. Lembro que eu sorri quando ele deitou a cabeça no meu ombro. Eu sei que vendo a estória toda assim, parece óbvio desde o início. Mas pra mim não era. Não no início.
-- Ei, - ele levantou a cabeça para olhar pra mim. - Vamos pedir uma pizza?
-- Claro.

F I M

quarta-feira, novembro 16, 2005

Parte 4

Não foi assim, de repente. Isso não foi. Isso foi aos poucos. Primeiro o armário, que ele não tinha mesmo muita coisa, então eu ajeitei duas gavetas para ele, "pra não ficar tudo espalhado pela sala". Em pouco tempo ele estava usando as minhas roupas também.
O resto, a cama, isso foi bem aos poucos mesmo. Primeiro de vez em quando, quando estava frio ou por algum pesadelo ou filme de terror.
-- Se pelo menos o cachorro dormisse comigo, - ele dizia - eu não sentia medo.
Mas o cachorro dormia comigo, e ele deitava ao lado do cachorro. Abraçando o cachorro. Primeiro o cachorro.

* * *

É claro que a essa altura ele já tinha a chave. Aliás foi engraçado. Antes só tinha uma chave, ficava em casa ou na portaria. O primeiro a chegar em casa - quase sempre ele - pegava. Então eu fiz uma chave pra ele, peguei a cópia da minha irmã e fiz.
Foi engraçado, eu cheguei e entrei com a chave nova. Ele estava na cozinha, a música alta, nem me ouviu entrar. Estava batendo um bolo.
Fui entregar a chave, assim, de surpresa, ele se assustou, a chave caiu no bolo. Ele fez questão de botar o bolo no forno com chave mesmo.
-- Quem achar fica com a chave nova - ele disse.
Era meu aniversário; quem achou a chave foi ele.

* * *

Domingo de sol a gente passeava com o cachorro. Acho até que foi aí. Não, tenho certeza, foi aí. Domingo de sol na orla. Eu, ele e o cachorro.
-- E aí, garoto?
Olhei, era um cara. Assim, desses nem alto nem baixo, nem magro nem gordo, sem descrição, normal, feito eu. E o cara falava com ele.
-- Oi Roberto, - ele respondeu - tudo bom?
Aperto de mão, apresentações e "puxa, quanto tempo", "é, pois é" e "mas e aí, tá onde?"
-- Tô morando com ele - apontando pra mim.
-- Ah - fez o cara.
Alguma coisa na expressão do sujeito, não sei bem o que foi, alguma coisa me deixou com a pulga atrás da orelha. Depois eu perguntei, como quem não quer nada. Não, como quem finge que não quer nada mas na verdade quer muita coisa.
-- Era teu colega de faculdade?
Pergunta besta, eu sabia que não era. O cara era mais velho que ele uns dez anos. O cara devia ter a minha idade.
-- Ah não, - riu - era colega da empresa que eu trabalhava antes. Ele mora por aqui.
"Como você sabe?" pensei. Em vez de uma pulga, agora eram duas. Mas eu não ia perguntar, decidi não perguntar, era melhor não saber.
-- Como você sabe?
-- Ahn? - ele fez, distraído.
-- Como você sabe que o sujeito mora por aqui?
-- Ah, é que eu fiquei um tempo na casa dele.
Não lembro o que eu pensei. Só lembro do aperto no peito. Eu não era o primeiro. Eu era o segundo. Eu era pelo menos o segundo.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Parte 3

-- Como assim, irmão?
Minha irmã me chama de irmão. Acho engraçado, parece uma crente falando.
-- O quê?
-- Como assim o sujeito se muda pra sua casa?
Não respondi. Não queria ter essa conversa. Eu lembro, eu estava irritado com as perguntas. Se eu já tinha me perguntado isso tantas vezes e não tinha conseguido responder, porque ela achava que.
-- Hein? - ela insistiu.
--- Sei lá. Ele não tem onde ficar.
Isso era verdade mas também era mentira: não era esse o motivo.
-- Então você, como boa alma cristã, botou o cara dormindo no sofá.
-- Não é assim. É só por um tempo. - "Boa alma cristã"? pensei - Ele tá dividindo as despesas - menti.
-- Bom, a vida é sua, a casa é sua, você quem sabe melhor.
Mas no tom de voz ela dizia "a casa é sua, a vida pode até ser sua, mas quem sabe melhor sou eu".
-- Ele é meu amigo. - Outra mentira. Era mentira?

* * *

Entrei em casa. Mesma cena. Sofá, televisão, desenho animado. Mesma cena. O cachorro pula e me lambe as mãos. Ele levanta, se espreguiça, ri. Pára do meu lado, espera o cachorro terminar, o sorriso estampado nos olhos. Diz:
-- Tá com fome?
Não lembro exatamente quando ele resolveu se encarregar do jantar. De repente, tinha jantar. Antes eu não jantava, comia um sanduiche, uma vitamina. Agora nós jantávamos.
-- Ah - fiz que lembrava. Mentira, eu vinha com isso na cabeça o tempo todo. - Eu vou ter que ir à Petrópolis amanhã cedo, resolver umas coisas da empresa.
Levantei a cabeça. Ele me fitava de olhos arregalados. Não arregalados, mas fixos, com atenção. Não consigo descrever, nunca consegui.
-- Daí, - continuei - devo dormir lá, na casa da minha tia. Minha tia tem casa em Petrópolis.
Parei de novo pra tomar fôlego. Ele ainda olhos fixos.
-- Você fica a fim de ir?
Riu, ele riu. Eu lembro, riu o seu riso fácil de criança. Assim, de gente que não esconde felicidade.
-- Ahã.

* * *

Fomos eu, ele e o cachorro. Resolvi o que tinha pra resolver logo. Chovia, um frio absurdo. Chegando na casa da minha tia, as paredes de pedra, uma merda, tudo úmido, mais frio ainda.
Acendi a lareira, peguei todos os três cobertores que achei no armário. Na sala ele no sofá. Sem televisão, assistia o fogo.
-- A gente bem podia ter uns marshmellows, que nem nos fil. Ai, porra!
Eu tinha jogado um cobertor na cabeça dele.

* * *

Não lembro do que conversamos naquela noite, nós sempre conversamos muito. Quer dizer, ele falava muito, eu ouvia e ria muito. Eu ria muito. Mas essa noite, com o vinho, eu falei bastante.
-- Vamos ver as estrelas? - ele chamou.
-- Lá fora? - espiei pela janela. Não chovia mais.
-- É, vamos?
Por que os olhos em mim? Sempre os olhos em mim.
-- Claro.
Tinha uma varanda, peguei um cigarro. Risquei o fósforo. Apagou.
-- Merda.
-- Acabou a caixa?
-- Ahn? - fiz.
-- A caixa de fósforos - apontando. - Acabou?
-- É... - olhei sério pra ele - mas isso não é uma caixa de fósforos.
Ele me olhou sem entender. A cara de "ué". Ninguém faz cara de ué melhor que ele. A gente sentado no chão da varanda - não tinha cadeira, a mobília era uns vasos enormes com plantas. A gente no chão, enrolados cada um num cobertor. Ele de olhos bem abertos, fixos em mim. A expressão de alguém que pela primeira vez vê uma bolha de sabão estourando.
-- E é o quê?
-- Isso - falei em tom de segredo - é uma casa. Uma casa de gnomos.
Botei a caixa no chão de lado, usando o interior pra fazer um telhado.
-- Ah, - mas como os gnomos entram, se não tem porta?
-- Hum.
Rasguei um pedacinho na caixa em forma de uma porta.
-- Pronto.
Ele riu. Eu ri do riso dele. Ele pegou a caixa-casa e colocou com todo o cuidado em um dos vasos, meio escondido pela planta.
-- Será que se a gente ficar aqui bastante tempo, a gente vê o gnomo entrar?
-- Acho que não - respondi. - A casa é nova, ainda vai sair nos classificados antes de algum gnomo vir morar nela.
Piada besta, eu sei, mas funcionou. E enquanto ele ria, eu tentava evitar pensar que na casa da minha tia só tem uma cama.

terça-feira, novembro 08, 2005

Parte 2

Sofia era bacana. Acho até que gostava de mim. Talvez se fosse antes, tivesse dado certo. Não lembro muito do seu rosto, lembro das coxas grossas que ela disfarçava com saias largas. E do riso, sempre gostei de mulheres que riem de verdade, que nem criança.
Naquele dia saí com Sofia. Fomos ao teatro, alguma peça da moda, uma merda, ficava um cara pelado no palco o tempo todo, de quatro. Acho que era pra ser uma vaca.
Antes, em casa, no quarto, eu me arrumava e ele sentado, não: deitado, deitado na minha cama com o cachorro. Eu vendo a roupa no espelho grande que reflete também a cama. Posição estratégica.
-- Põe a camisa verde.
-- Essa tá ruim?
-- Não, mas eu gosto mais da verde.
Botei a verde.
-- Você e a Tânia vão vir pra cá depois?
-- É Sofia.
-- Se você quiser eu saio.
Ele disse isso sem me olhar, parecia distraído, brincando com o cachorro. E não foi nada, nenhum tom de voz, nenhuma inflexão, nada, ainda assim, alguma coisa.
-- Não, não precisa.

* * *

Sofia já tinha estado em casa algumas vezes. Somado, não davam vinte minutos. Eu sempre arrumava um jeito de ser rápido. Nunca gostei de gente na minha casa. Nem meus amigos me visitam muito. Por isso é tudo tão estranho.
-- O cachorro não gosta da sua namorada - ele disse uma vez. Era mentira, quem não gostava era ele.
-- Não é minha namorada.
Um dia inventei um jantar pra ela. Não lembro porque, mas teve um motivo. Preparei um macarrão, que homem só sabe mesmo cozinhar macarrão, deixei tudo pronto e me arrumei. Era pra ele sair. Ele tinha dito que ia sair. Eu tinha dito:
-- Sofia vem jantar em casa amanhã.
Estávamos tomando café da manhã, ele parou o pão com manteiga no meio do caminho e me encarou. Sério.
-- Você tá me comunicando que é pra eu não estar aqui?
Não respondi. Ele, os olhos fixos em mim. Nunca me acostumei com seus olhos.
-- Não precisa nem pedir, - o pão com manteiga retomou o caminho - eu vou sair com uns amigos da faculdade.
Era mentira, eu sabia que era. Ele não tinha amigos da época da faculdade. Ele não tinha amigos.

* * *

Era pra ele sair. Sofia ia chegar às oito. Ele disse que ia ao cinema, sessão das sete e meia, depois pra Lapa ou algum lugar desses, não lembro direito. Sete horas e ele ainda no sofá vendo tv. Sete e vinte ele resolveu tomar banho. Sete e cinqüenta ele saiu do banho. Sete e cinqüenta e cinco o interfone tocou. "Fudeu" pensei. Lembro de ter pensado isso e depois ter me perguntado por quê.
-- Oi Sofia.
-- Olá!
Ele entrou na sala, sem camisa, descalço, com cara de "perdi a hora".
-- Ah, oi Sofia. Você já chegou?
-- É - ela riu - cheguei meio cedo.
-- Eu já tô de saída - ele disse pra mim, olhando pra mim. - Acho que perdi o filme.
-- É, perdeu - eu estava irritado.
Sofia era bastante educada. O tipo da pessoa que acha que todos podem ser amigos e que realmente acredita que estranhos são só amigos que você ainda não conheceu. Foi por isso que ela disse:
-- Ah, se você já perdeu o filme, então fica e janta com a gente.
Ele olhou pra mim.
-- Posso?
Os olhos em mim.
-- Claro.
Não é que o jantar tenha sido uma merda. Não foi. Não de todo. E depois daquele dia eu ainda saí com ela mais umas duas vezes. Ou três, não lembro.

* * *

Tirei os óculos, levantei pra fechar a cortina. Não, espera, ao contrário. Fechei a cortina, deitei e tirei os óculos. Ordem, tudo na vida é uma questão de ordem. Ah sim, apaguei a luz, só então deitei. Estava frio, eu lembro do cobertor. Quase dormindo, enrolado no cobertor. Barulho de leve, nem ouvi. "Quê?"
-- Posso dormir aqui? Tá frio na sala.
Mesmo no escuro adivinhei sus olhos.
-- Claro.
Foi a primeira vez.

domingo, novembro 06, 2005

Parte 1

Eu lembro como começou, disso eu lembro muito bem. Eu estava em casa e a campainha tocou. Eu lembro porque eu estava lavando louça e a campainha tocou e eu com as mãos cheias de sabão e detergente não sai assim tão fácil da mão. Que nem telefone que só toca quando a gente está no banho. Ou cagando. Ou cagando no banho. Será que alguém caga no banho?
-- Quem é?
-- Entrega de pizza.
-- Não pedi pizza.
-- É promocional.
Olho mágico tapado.
-- Não, obrigado.
-- Abre logo, porra!
-- Quem é?
-- Abre!
Abri. Disso eu lembro: fui eu que abri a porta. Disse "abre" e eu abri. Abri e ele entrou, assim, como se não fosse nada.
-- Que tá fazendo? - riu.
Então eu lembrei que estava de avental, ridículo. Avental velho, manchado, com marca de cigarro e eu não ia parar de fumar?
-- Nada - disfarcei, tirando o avental - que você quer?
-- Vim ver aquela parada.
Não, espera, não foi isso que ele disse. Ou foi? Não sei, isso tem tanto tempo. Minha memória sempre foi ruim. Quando era criança vendia na farmácia um memoriol, sempre quis comprar. Enfim, ele deve ter dito algo como:
-- Vim pegar as coisas.
Algo assim, não lembro. Lembro que ele estava de chinelo e a calça dobrada pra cima e a unha roxa no pé que sempre me deu nojo. Não nojo, nervoso, sabe? Aquela sensação estranha na espinha.
-- Ah tá. Tá meio que separado, tudo.
Mas ele já estava sentado no sofá, contole remoto na mão, o cachorro no colo, nem ouviu.
-- Quê?
-- Nada - sentei ao seu lado.

* * *

-- E aí?
Ele já estava acordado. Sete horas da manhã, que horas esse puto acordou? O controle da tv na mão, um desenho animado qualquer, ele rindo que nem criança. Disso eu lembro. Que nem criança. "Uma criança", pensei.
-- Tá com fome?
-- Ahã.
Leite, café, pão, manteiga, não, manteiga não, eu não comia manteiga antes. Talvez um iogurte, quem sabe?
-- Tem uma toalha aí, pra eu tomar um banho?
-- Claro.
Peguei a toalha azul, aquela das visitas. Impressiona à beça, super macia, mas não enxuga nada, parece plástico aquela porra.
-- Me empresta uma camisa? Te devolvo depois.
-- Claro.
Abri o armário, ia abrir a gaveta - melhor camiseta, vai que ele não devolve depois? - ele puxou um cabide.
-- Pode ser essa? - a listrada, nova, presente da Tina. Tinha usado uma vez só.
-- Claro.

* * *

"Abre logo, porra". Como assim "abre logo, porra"? Se fosse depois, mas antes? A gente não era amigo. Conhecidos, colegas, vai lá, mas "abre logo, porra"? Eu fico pensando nisso, às vezes. Por causa disso eu não entendo. Parece que. Parece que ele já sabia. Será que sabia? Não podia saber. Não da torta, da chave, da caixa de fósforos, do samurai. Não da caixa de fósforos.

* * *

-- Ajuda aqui.
Entrei em casa bufando, já tinha me acostumado com ele. Com o desenho animado sempre na tv. Com mais um, além do cachorro, pulando em mim quando chegava em casa. Ele pulava em mim. Não literalmente, claro. Só às vezes literalmente.
-- Ei, ajuda aqui.
-- Porra, isso é pesado!
"Não brinca" pensei.
-- Que tem aí dentro?
-- Livros.
-- Quê?
-- Livros.
-- Mas... todos iguais?
E ele já sentado no chão, a caixa aberta, os livros na mão. Eu ri.
-- É, todos iguais.
Olhou pra cima, fez cara de "ué". Os olhos em mim (com isso eu nunca me acostumei).
-- Pra quê tanto livro igual?
-- É da empresa. Sobrou. Quer um?
Ele de novo no sofá, controle remoto, desenho animado, cachorro. Joguei um livro na cara dele.
-- Pára com isso, porra.
Eu ri.
-- Que que você tá tão feliz? - perguntou. - Arrumou mulher, é?
Era.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Musik

O meu chapéu tem três pontas,
tem três pontas o meu chapéu.
Se não tivesse três pontas,
não seria o meu chapéu.

///\\\///\\\///\\\///\\
Eu adoro essa música, vai entender porque... Ela vem volta e meia na minha cabeça estranha e pra mim tem mil significados lindos. Mentira, tem só uns poucos significados, todos lindos.

Mas não é estranho como uma música boba pode significar tanto?

sexta-feira, outubro 28, 2005

Uma estória de amor impossível

Então estava o lobo mau, correndo pela estrada afora e bem contente, quando encontrou o lencinho perdido viu que na verdade era um cesto amarelo. E gritou bem alto:
- Ah tísquete, ah tásquete!
Então o gênio chegou pra ver que zorra era aquela e bem a tempo porque senão teria sido massacrado pelos gigantes de hóquei, e todo mundo sabe que hóquei não é para gênios.

Enquanto isso, na casa da vovó, Luluzinha jazia morta em seu simpático jazigo e é uma coisa boa que os jazigos demorem batante pra morrer porque quando eles morrem eles entram no jazigo - que são eles mesmos - e desaparecem, levando nossos entes queridos. Então lá estava Luluzinha, jazindo no jazigo e pensando "do pó ao pó" quando o lobo mau, fugindo do gênio do hóquei, mas péraí, todo mundo sabe que gênios não jogam hóquei! Então o mundo desapareceu frente a esse incrível paradoxo.

* * *

Em outro mundo, Jaqueline comia biscoitos pensando em gênios musculosos de sunguinha. Gênios azuis. Azuis e de sunguinha vermelha, combinando com o chapéu. Jaqueline suspirava.

Entre um suspiro e outro Jaqueline suspirou o vírus ebola, que ficou muito contente com isso porque era secretamente apaixonado pelos lactobacilos vivos que vêm no Yakult que Jaqueline tomara no café da manhã e se é café da manhã, deveria ser café e só até o meio-dia, né? Mas nem sempre é assim. E frente a esse terrível paradoxo o mundo desapareceu. E foi bom, porque os lactobacilos nunca retribuiriam o amor do ebola.

FIM

segunda-feira, outubro 24, 2005

Nada a declarar

Pois é: eu não tenho mesmo nada a declarar. Então por que postar? Sei-lá. Me deu vontade, serve? Eu ando tendo uns sonhos chatos (já que esse é meu assunto mais constante) então não vou nem falar deles. Também não vou falar no referendo. Nem da novela. Que mais que eu não vou falar? Não vou comentar o clima nem os furacões. Nem as mini mariposas que invadiram minha casa. Nem as coisas super bobas que acontecem e animam a gente. Nem que o ano está acabando e - oh meu deus - como passou rápido (mentira). Não vou comentar o café com formiga. Nem o muffin, nem o muffin. Nem. Ah! eu posso falar uma pergunta: é muito fútil gastar mais dinheiro só pra ter bandeides divertidos em vez dos comuns?

sábado, outubro 08, 2005

Homenagem

Season of the shark - Yo la tengo

Do you need someone to hide behind?
I don't mind, I don't mind
Do you need to be alone to unwind?
That's alright, that's alright

Sure I know it's hard
I know that it's that way for everyone
For everyone
Some things go wrong
You sink so low you even blame the sun
You blame it as the cause
Of the shadows on the wall
They're not as bad as they appear
Could it be that it's the season of the shark

Do you need someone to help you through?
Well I don't know, I don't know
Someone to take questions for you?
I don't know, I don't know

I want to be the one to make you feel OK right now
Some way, somehow.
When I fall short
I sink so low I even blame the clouds
For blocking out the sun
And the shadows on the wall
That's why you feel alone
Could it be that it's the season of the Shark

Please don't be afraid
No matter how much out there scares you so, scares you so
Just look around, if it's not me then someone else you know
You're not alone at all
Ignore the shadows on the wall
They don't mean a thing
Could it be that it's the season of the shark
I believe that it's the season of the shark
Could it be that it's the season of the shark

segunda-feira, outubro 03, 2005

Carmina Burana - de Shakespeare

drum turururu tu drum turururu tu drum
panpanana pampampampampanana
turururu tu drum
papara para parara
turururu tu drum
panpanra panra parararara
turururu tu drum
parararana na
turururu tu drum
turururu tu drum
turururu tu drum

sexta-feira, setembro 23, 2005

Sociologia etimológica

Eu gosto de etimologia. Acho importante. Acho mesmo que deveríamos aprende um pouco de etimologia na escola. Aprender a origem das palavras, só de algumas. Se você consegue ver o caminho que uma palavra fez no tempo, desde sua origem até hoje. Se você acompanha sua mudança não só na forma, mas no significado, isso diz bastante sobre a evolução do pensamento daquele povo. Do povo que trasformou uma palavra realçando ou privilegiando ou criando um significado que antes não existia, ou existia só como analogia. Tomar uma mesma palavra em português, inglês e espanhol, a mesma palavra, e ver a diferença de significado em cada língua, ver o que cada povo escolheu manter da palavra original, isso diz bastante sobre essas sociedades.

Então não é interessante que de uns tempos prta cá duas palavras que estavam quase mortas, esquecidas mesmo, renasceram e são agora conhecidas íntimas de todos os adolescentes (pelo menos os cariocas). Não é interessante que estes adolescentes sintam a necessidade de tantas palavras significando a mesma coisa? O que está acontecendo nesta sociedade em que os jovens não se contentam com "estranho", "esquisito", "incomum" e mesmo "sinistro"? Por que precisamos tanbém de "bizarro" e "esdrúxulo"? Estas são palavras do tempo da minha avó - segundo ela mesma me disse -, você só as encontrava em livros e bocas antigos. Que sociedade é essa que precisa de 5 ou 6 palavras para expressar estranheza?

quarta-feira, setembro 14, 2005

Confissão

Eu estive pensando e tenho de confessar: eu tenho nojo de gente limpa demais. Sabe, essa gente limpinha e fresquinha? Essa gente que não senta no chão, não come podrão, não fala palavrão. Que não beija o próprio cachorro, que lava as mãos o tempo todo, que não segura nada com os dentes, que só tira meleca no chuveiro.

Essa gente que deu pulinhos de felicidade quando viu os canudinhos embrulhadinhos um a um. Que não assiste filme da escada do cinema, não senta nas cadeiras do Cine Íris e tem os fundos da calça e os tênis sempre limpinhos. Sabe essa gente? Eu tenho nojo dessa gente.

Dessa gente que tem nojo de copo de boteco e de roupa usada de brechó. Que só usa Protex e nunca está despenteado, sujo, suado. Essa gente meio de plástico que está sempre limpinha, arrumadinha, cheirosinha. Acho que limpeza demais é sinal de doença. Tenho que confessar: eu sou do time da vitamina S.

segunda-feira, agosto 29, 2005

O lugar das portas

E então eu e o Coelho estávamos nessa loja com prateleiras altas e todos os produtos estavam na última prateleira - inalcançáveis. Nós passeávamos pela loja e na verdade era só uma sala ampla com algumas caixas - máquinas registradoras - no meio. Então continuamos andando e o Coelho entrou por uma porta. Quando eu entrei atrás dele eu percebi que as portas daqui não levam sempre ao mesmo lugar, mas mudam o destino de acordo com quem entra. Não sei onde o Coelho foi parar, mas eu saí numa sala à direita. Na sala eu vi três portas e uma das portas era uma escada, a da parede direita. Me decidi pela escada e desci. Desci e cheguei em uma sala mais à esquerda que percebi estar no mesmo lugar, no mesmo labirinto de salas que a anterior. Olhando adiante eu vi de novo o Coelho. Mas o Coelho estava bem longe, umas três salas adiante. Entrei pela porta da frente e saí umas cinco salas na frente; passei demais. Nessa sala tinha um escorregador, não um escorregador no meio da sala, mas um que era uma porta. Ficava em uma das paredes e era uma porta. Resolvi descer o escorregador - porque parecia divertido - e saí em uma sala mais à direita e não vi mais o Coelho. Sem saber o que fazer olhei em volta e na sala à esquerda estava a Menina na Lua.

Passei pela porta e com surpresa me vi na sala da Lua. Seminua, a Menina pintava um quadro - uma paisagem - e tinha nas costas o índice do livro. Na sala da Lua tinha um sofá velho e rasgado, uma estante onde estava a tela que a Menina pintava com cores fortes e um pincel grosso demais, tinham muitas quinquilharias espalhadas e trapos coloridos, e tinha uma janela. Claro, as janelas aqui funcionam como as portas - a paisagem muda de acordo com quem olha. Então, não sei o que a Menina via, não sei se ela pintava a paisagem que via da janela. Eu sei o que eu vi, e eu vi Fernanda. Estranho Fernanda aparecer por aqui, mas era ela e ela estava triste. Nos olhos deFernanda eu vi a sala onde eu e a Menina na Lua estávamos, nos olhos tristes de Fernanda eu via Menina. Pensei em falar com Fernanda, em explicar que era só o acaso que me levou até ali. O mesmo acaso que a fez nos ver pela janela. Pensei em explicar tudo. Mas era tarde e Fernanda já tinha saído por uma porta. Na sala da Lua, a Menina continuava pintando. Dessa vez escolhi a porta de trás, a que fica do lado do sofá, e saí.

quarta-feira, agosto 10, 2005

Importância

Existe uma mulher que controla o trânsito. Controla os carros e as pessoas. Os carros param as pessoas andam; as pessoas param os carros andam; os carros param as pessoas andam. Existe uma mulher que controla o trânsito. Verde amarelo vermelho verde amarelo. Ela bate palmas e os carros andam as pessoas andam as luzes mudam.

Existe uma mulher que controla o trânsito. Existe uma mulher que controla o trânsito e ela não dorme. Existe uma mulher que controla o trânsito e ela não pode dormir. Sem ela os carros não andam as pessoas não param as luzes não mudam. Existe uma mulher que controla o trânsito e ela não pode dormir. Ela não pode dormir porque ela é a mulher que controla o trânsito.

terça-feira, julho 05, 2005

Só é joelho porque fica na perna, se fosse no braço seria cotovelo.

Analogia é um troço tão importante que a gente até esquece o quanto usa. Todo dia, o tempo todo. Um título alternativo presse post era "O cotovelo da perna é o joelho", e é isso mesmo. O cotovelo da perna é o joelho, a cueca das garotas é calcinha, o futebol dos indianos é críquete. A gente funciona por analogia, é assim que aprendemos. A imitação só faz um pedaço, o resto sai por analogia mesmo. Meu amigo tentou pular do muro e quebrou a perna; por analogia, se eu pular do muro, eu quebro a perna. Meu amigo colou na prova e a professora percebeu e deu zero; eu, se colar na prova, tiro zero. Eu, nessa tal situação me sentiria assim, logo Fulano, que está numa situação semelhante, deve estar se sentindo da mesma maneira. Eu, nessa situação me comporto assim, logo Fulano, que se comporta da mesma maneira, deve estar na mesma situação. Eu, quando sinto isso, faço tais e tais coisas; assim, se Fulano faz tais e tais coisas parecidas, deve estar sentindo algo parecido.

Bonito, né? Pena que não funciona tão bem. Não funciona porque a gente nunca faz o que gostaria que o outro fizesse. Não devia ser assim, né? Pela teoria, se a gente gostaria que nos dissessem tal e tal coisa então, por analogia, o outro ia mesmo gostar que a gente dissesse tal e tal coisa. Né? Então a gente devia dizer, né? Devia dizer. Devia dizer um 'pô cara, vou sentir saudade' ou 'liga quando cê voltar'. Tsc. O problema com as teorias é que elas só funcionam na teoria.

segunda-feira, junho 27, 2005

Sonhos, acredite neles

A coisa que eu acho mais esquisita de sonhos é quando eu acordo e não lembro de nada, exceto uma cor ou uma imagem ou uma sensação. Eu sonhei essa noite, não lembro com o que, mas o sonho era azul e vermelho, cúbico, as cores meioque nas diagonais, tava num canto da sala e na penumbra. Provavelmente o sonho não foi isso, provavelmente teve uma estória, mas o que me ficou do sonho foi essa imagem. Esquisito, né? E aí, como intepretar uma porra dessas?

domingo, junho 26, 2005

Ah Dindi

Eu me lembro da primeira vez em que eu percebi que, na minha cabeça, músicas querem dizer coisas, músicas sempre fazem sentido. Eu tô falando daquela música que fica que nem chiclete - apesar de não ser uma música chiclete - na minha cabeça por dias a fio, ou insistentemente por um dia inteiro. E eu achei tão legal quando percebi. Quer dizer, não foi legal, eu tava triste pra caralho, mas foi bacana perceber o tal do inconsciente agindo. A música era There´s no other way, do Blur.

Daí depois disso eu sempre presto a maior atenção nessas músicas chiclete; algumas vezes isso já me ajudou a perceber coisas importantes. E eu fico pensando se é todo mundo que tem isso assim ou se sou só eu. Eu sempre tendo a achar que nada sou só eu, que se tanto as pessoas só ainda não perceberam isso nelas. O que é bem possível, porque foi só depois que eu notei que eu vi o quanto era óbvio desde o início. Como aliás são a maioria das coisas. Por isso que interpretar sinais é tão difícil. Porque um sinal só quer dizer uma coisa e são tantas as possibilidades! O óbvio é só um e existem tantas possibilidades e a gente nunca acha que o cara mais suspeito vai mesmo ser o assassino. Eu passei o dia todo com Dindi tocando de memória e eu já sei o que isso significa, sei mesmo. Só o que eu não sei é todo o resto.

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Ah! Dindi Se soubesses do bem que eu te quero O mundo seria, Dindi
Tudo, Dindi, Lindo Dindi
Ah! Dindi Se um dia voce for embora me leva contigo, Dindi
Fica, Dindi, olha Dindi
E as águas deste rio aonde vao eu nao sei A minha vida inteira esperei, esperei
Por voce, Dindi, Que é a coisa mais linda que existe Voce nao existe, Dindi
Olha Dindi, Adivinha Dindi, Deixa Dindi, Que eu te adore Dindi... Dindi

sábado, junho 04, 2005

Porque sim

Só porque eu estou me sentindo melancólica agora. E porque estou me sentindo bem. E porque melancolia é coisa boa, e cerveja tamb&eaacute;m. Me deu vontade de escrever, eu podia nem postar, mas o zerot diz preu escrever mais, vamos então agradar ao zerot, pra ver se ele trata bem meus livros. :P

Acho impressionante como só me proponho a escrever quando não tenho absolutamente nada a dizer. E fico aqui, enrolando. Pelo menos eu enrolo bem, isso eu sei.

Eu cortei o cabelo e acho que ficou legal, acho que descobri um jeito de dar um jeito na minha dificuldade de comunicação: pedi e Sabrina cortou. Ficou massa. Eu nunca sei me explicar então é bom que seja alguém de bom gosto, e alguém barato. Se ficasse uma merda, pelo menos não paguei por isso. Acho que é falta de vocabulário, a dificuldade de comunicação. Eu tembém nunca sei explicar roupa pra costureira. Por isso tenho umas 6 camisetas iguais.

E mesmo, falando em comunicação, acho que ando bem melhor. Impressionante, eu falo e as pessoas entendem. Sebemque, algumas vezes eu nem sei o que disse. Mas funciona e é o que importa.

Não sei de onde vem, a melancolia, mas me deu uma puta saudade de Magaroa. E é ainda mais legal porque ninguém conhece. Magaroa é só minha. A Talita era só minha também, daí eu descobri alguém - quem foi mesmo? foi Drummond? - que usou a mesma cartilha. Não importa, porque só eu lembro do caranguejo beliscando o pé da Diva. E por isso eu, se tivesse uma filha negra, e se eu fosse bem cafona, ela se chamaria Diva.

terça-feira, maio 31, 2005

Índio morto não fala à toa

'Ele vai falar?' eu perguntei.
'Vai falar sim, minha filha. Ele vai falar e você preste atenção, que índio morto não fala à toa' a velha respondeu.

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Esse diálogo foi o que me ficou do sonho desta noite. Isso e a impressão de estranheza, como se o sonho tivesse sido gravado de trás pra frente. O diálogo se passa no meio da floresta e eu - ajoelhada na terra - tenho as mãos ao redor do pescoço do índio, que está caído no chão. Quando ele morresse, me diria algo.

Acho que tenho que ler coisas mais leves antes de dormir...

terça-feira, maio 24, 2005

De Sonhos e Deuses

Nossa, faz mais de mês dessa vez. E ainda eu não tenho nada pra escrever. Mas isso nunca mesmo me impediu, né? Se blog é pra ser pessoal, eu posso dizer, pra quem quiser gastar vista pra ler, que eu tive um sonho verde essa noite. Não lembro de nada do sonho, só que era verde. E posso dizer que (finalmente!) estreei minha bicicleta outro dia, mesmo que andando só um pouquim. Que tenho essa música na minha cabeça (que é melhor, porque pelo menos não é rock)

Like the beat, beat, beat of the tom-tom
When the evening shadows fall,
Like the tick, tick, tock of the stately clock
As it stands against the wall,
Like the drip, drip, drip of the raindrops
When the summer shower is through,
So a voice within me keeps repeating,
"You. You. You."

Night and Day, you are the one;
Only you beneath the moon and under the sun.
Whether near to me or far,
It's no matter, darling, where you are.
I think of you, Night and Day.

Mas de tudo o mais legal, acho, é o sonho verde. Eu gosto muito quando sonho cor. Quer dizer, acho que eu sempre sonho cor, porque cinza é chato demais. Mas é raro eu lembrar de sonho, mais ainda raro é lembrar da cor do dito cujo. Outro dia eu sonhei, lembro do enredo todo, mas não da cor. Quer dizer, lembro só da cor azul da meia do sonho. Porque nesse sonho tinha uma meia furada. Legal, né? Sonhar com meia furada. Bom, eu gostei desse sonho. Mais ou menos. Não, gostei sim. :)

Dizer "eu sempre sonho cor porque cinza é chato demais", prum matemático pega até mal, né? Mas é engraçado: se na matemática as coisas devem ser porque a gente prova que são, eu acho que na vida as coisas devem ser porque sim. Porque é mais bonito, porque senão não tem graça. Por isso eu acho que as nuvens são sim monstros voadores, tipo como algas aéreas e que comem o equivalente aéreo do plâncton. E acredito sim que os ventos são deuses, deuses do movimento e por isso, quando o vento chega, as coisas que são mais fracas se deixam influenciar por ele, ficam possuídas e saem andando. Mesmo que elas não tenham vontade. E por isso, quando o vento bate forte na gente, mesmo a gente tendo vontade, ele carrega a gente, ele faz a gente ir pra onde ele quer. E depois sai rindo, carregando folhas e sacos plásticos.

Eu acredito porque é mais bonito. Mais bonito que dizer que nuvem é água (onde já se viu isso?) e que vento é diferença de pressão (que explicação mais sem graça!).

quinta-feira, abril 07, 2005

Duda - a menina que não tinha medo

Eu conheci uma garota
há muito tempo atrás
que apesar de bem pequena
era corajosa demais.

O seu nome era Duda
e ela não tinha medo de nada.
Não tinha medo do escuro
nem mesmo de ser assaltada.

Ela ria de cachorro bravo
e da Conga, a mulher gorila.
Duda adorava fantasmna
e era fã do Godzilla.

Duda nunca fugiu de apostas
até que um dia, desafiada,
subiu num muro bem alto
e se espatifou na calçada.

quarta-feira, março 30, 2005

A e P

Um sujeito tem um revólver. O revólver não está à mostra, está bem guardado na mochila. O sujeito - vamos chamá-lo de sujeito P - está calmamente comendo seu pastel com guaraná, com seu revólver bem guardado na mochila. Então chega o outro sujeito - digamos o sujeito A - e diz para P:
- Ei, não me mata não.
- Ahn?
- Não me mata não, vai...
- Quê? - P pára de comer o pastel e pousa o copo de refresco no balcão.
- Eu pedi pra você não me matar.
- Matar?
- É, por favor. Não atira em mim não.
O sujeito P continua sem entender. A insiste:
- Hein? Promete que não vai atirar? Hein? Não atira em mim não. Por favor, não me mata não.
P suspira e olha o pastel:
- Por que eu ia atirar? Eu nem te conheço, rapaz!
A ignora e continua:
- Promete? Não atira não. Não me mata não, tá? Hein? Por favor. Ai... você vai atirar. Eu tô sentindo que vai. Assim, se você atirar, atira fraquinho. Atira assim, no pé. E perto de algum hospital. Hein? Por favor. Será que dói muito? Deve doer. Ai... Por favor, não atira não, não me mata não.
A parece desesperado. P comeca a perder a paciência:
- Escuta, eu queria terminar o pastel...
A ignora e continua:
- Você vai atirar, né? Ih, você tá nervoso, né? Você vai atirar, voceê vai me matar. Vai, não vai? Vai sim. Eu sei que vai. Ai meu Deus, eu vou morrer! - para os céus - Por que, meu Deus? Por quê? Ele vai atirar! - voltando para P - Voce vai atirar? Vai mesmo? Não faz isso não. Pelo amor de Deus. Faz não. Por fav.
P puxa o revólver e atira em A.

quinta-feira, março 24, 2005

Sapiências

Eu sei um monte de coisas. Um montão mesmo. Eu sei o nome da melhor amiga da Mary Richards e do colega e do patrão também. Sei até quem é Sue Ann Nivens e também Barnabas. Sei que a melhor - e talvez única - maneira de prender uma fada é com aço frio. Sei que cerambicídeo é um tipo de besouro. Sei o nome antigo de Lothlorien. Sei the effect of gamma rays on man-on-the-moon marigolds. Sei enrolar a língua e sei ficar numa perna só. Sei o nome da amiga imaginária da Raquel e dos 7 Perpétuos. Sei o que significa hebdomadário. I wish i were an oscar meyer wienner. Sei fazer cachorro-quente e sei desenhar gato. Eu lembro do pula Blisto no mundo da imaginação e eu sei que vi uma mágica de verdade uma vez. Sei o nome de um gnomo: Rumplestilskin. Sei que Cespenar é um personagem de um jogo que eu nunca vi. Sei quem matou Odete Roitmann. Sei onde ficam as flautinhas no primeiro mundo e sei um jogo dos pontinhos que nunca dá empate, a menos que os jogadores sejam atropelados por um caminhão. Ah! Eu sei como fazer uma capinha colorida bem bonitinha pra cobrir a caneta bic, usando cola e pilô e uma régua.

Sei que tem gente que nem lembra de mim (será?), gente em quem eu penso de vez em quando. Gente de quem eu tenho saudade. Gente que deve ter saudade de mim. Como quando o Reinaldo convenceu as meninas de que cola era bom para a pele e elas lambuzaram a mão de cola. E uma casinha de gnomos feita de caixa de fósforo. E uma perna de girafa que foi engolida. E a chapeuzinho-vermelho sendo esmagada pelo ferro de passar roupa no alto da montanha na época da inundação. Da breve existência da família Quiquica e da criação da tia Massa. Não é engraçado? Tem esses momentos que para a gente foram super mágicos e você pensa "puxa, que legal!" e aí você olha pro lado e você acha que a pessoa que está lá percebeu também o quanto de mágica tinha ali, o quanto aquele instante foi único. E o tempo pasa e... melhor nem conferir. No final o momento era só seu. E a pessoa nem lembra mais. Será que daqui a 5 anos ou 10 ou 15 anos só eu vou lembrar das bicicletas na chuva? Do Enquete é Par e seu grande sucesso, Existe Chegue? Do mãe do Freud? Do gls das verduras e da rainha Evaca Perón? Do significado de cavalo em terras italianas? E eu? O quanto eu já esqueci? O quanto eu perdi?

sábado, março 05, 2005

Estórias e personagens

Eu costumava achar que eu era a única pessoa que inventava estórias pra si mesma. Aí um dia eu tomei coragem - isso na adolescência - e comentei isso com meu psicólogo. Eu achava que era quase um sinal de loucura. Aí ele falou "ué, e como você acha que os escritores fazem?" Fez sentido. Eu vivo inventando estórias na minha cabeça. Tem vezes que eu faço sequências ótimas mesmo. Diálogos que eu penso "porra, isso tá foda!" Acho que eu não escrevo é só porque eu faço elas pra mim, essas estórias são pra mim. Quer dizer, não é que ninguém vá se interessar, é só que na maioria das vezes não vale o esforço.

E mesmo, o meu forte são os personagens. Ou melhor, é o que eu mais gosto de fazer. Eu tenho, deixa eu contar, sei lá, um monte. Mas tem um que é antigo pra caralho. Nem sei quando ele surgiu. Pelo menos uns... o quê? 6 anos. Se contar que ele veio derivado de outro, põe aí uns 10. E eu sei direitinho o rosto dele. Quando eu era mais nova eu ficava pensando "e se eu esbarrasse com ele na rua. E aí?" E aí? E aí nada, ué. E claro, sempre tem as versões alternativas dos personagens, o que sempre é engraçado. É como você olhar prum amigo teu e pensar. "Hmmm... e se ele fosse cozinheiro, gay e pai solteiro?" Ou "e se ela fosse uma nadadora olímpica?"

Pra que eu comecei esse assunto? Sei lá. Deve ser porque eu tava lendo uns fanfics ainda agora. De X principalmente. Isso é coisa que até gosto de ler, mas não vejo nenhuma graça em fazer. O legal é inventar os personagens, é isso, não as estórias em si. Talvez por isso eu encha o saco e nunca consiga chegar ao fim de (escrever) a estória.

ps.: Como se escreve trema em inglês?

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Diálogo

A cena se passa numa videolocadora. Ele é o balconista, ela uma cliente.

Ele: Oi...
Ela: Ahn?
Ele: É... isso aí é um dvd.
Ela: Quê?
Ele: É dvd, não é fita.
Ela: Ah. (pausa) E...?
Ele: É que no telefone você falou fita, isso é dvd.
Ela: Ah. (olha pro dvd confusa)
Ela: Ainda agora, você tava no celular, você falou que tava pegando uma fita. Isso aí não é fita, é dvd.
Ela: Qual a diferença?
Ele: Dvd é um disquinho, precisa de um aparelho diferente.
Ela: Ah, mas eu tenho é aparelho de dvd mesmo. Eu disse que não tinha?
Ele: Não. É só que você falou fita e isso é dvd.
Ela: (suspira) Olha só: quando a gente jogava videogame - você jogava videogame, né? - então. Era tudo cartucho, mas todo mundo chamava de fita e ninguém reclamava. Né?
Ele: (confuso) É.
Ela: É o nome genérico. Fita é tudo que você põe no aparelho, liga e aparecem imagenzinhas na tv.
Ele: Então pra você toca-discos, cd-player e rádio é tudo a mesma coisa?
Ela: É.
Ele: Mas não é. O som é bem diferente.
Ela: É a mesma coisa sim.
Ele: Não é.
Ela: É.
Ele: Não é.
Ela: É.
Ele: Não é.
Ela: É.
Ele: Não é.
Ela: É.
Ele: Não é.
Ela: É.
Ele: É.
Ela: É... Ahn?
(pausa. Ela franze as sobrancelhas e olha para ele. Ele sorri envergonhado.)
Ela: Você tá vendo muito desenho do Pernalonga e Patolino pra achar que isso funciona.
Ele: (ri) Não custa tentar.
Ela: Daqui a pouco você sai correndo dum penhasco achando que é só não olhar para baixo.
(Ele baixa os olhos.)
Ela: (franze a testa) Ou você acha que a vida é isso?
Ele: Quê?
Ela: Que a vida é um penhasco de desenho animado que a gente ultrapassou correndo e a morte é perceber que ultrapassou o penhasco?

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Nada

Não sei se eu tenho muito a dizer não, mas já que estamos aqui, vamos a isso. Eu tinha pensado num post interessante outro dia, mas ultimamente minha memória é pior que sempre. Ou seria pior que nunca? Melhor: ruim como nunca foi. Fica meio grande, mas passa a mensagem.

Sabe uma coisa que é legal? Poder dizer "eu assisto bigui bróder" sem sentir vergonha. Não é lindo? Eu acho lindo. Tô chegando à conclusão que crescer é perder a vergonha. Será? Quando a gente é criança, não tem vegonha. Daí a gente ganha vegonha, depois perde. E depois?

Outro dia tive um sonho engraçado em que eu tava num show na praia. O show tava chato e eu falei "ah, quer saber? foda-se" e então existia uma ponte e eu segui pela ponte e no fim da ponte, uma porta e eu passei pela porta. Estranho, né? Quer dizer, como o sonho tava chato, eu resolvi mudar de sonho. E isso no meio do sonho.

terça-feira, janeiro 04, 2005

We're off to see the wizard

Já tem alguns dias que eu estou com essa música do Má de Oz na cabeça. Mas é melhor que "Ding-dong the witch is dead" que é o que eu tava antes.

We're off to see the wizard, the wonderful wizard of Oz
You'll find he is a whiz of a wiz, if ever a wiz there was.
If ever oh ever a wiz there was, the wizard of Oz is one because,
because, because, because, because, because,
because of the wonderful things he does.