terça-feira, maio 25, 2004

Espíritos Ortodoxos

Ontem entrei numa igreja que, eu juro, é a igreja mais bonita que eu já vi. A que mais me impressionou. Eu já tinha passado por ela outra vez, e me impressionado porque é linda por fora. Com figuras bonitas e um domo azul. E textos em russo. Igreja ortodoxa russa. Mas não tinha entrado ainda, então fiz isso ontem. A igreja é em forma de cruz, um russo me disse que é o formato usual. E os bancos, os bancos não são enfileirados como nas igrejas católicas que eu conheço. Não, eles ficam encostados nas paredes, rodeando toda a igreja. Uma das paredes é reservada ao altar. Quando eu entrei, ouvi uma música em russo, mas como só vi um homem sentado num desses bancos, achei que era música gravada, algum cd de música de igreja. Mas não, e isso eu só vi muito depois, eram dois sacerdotes cantando. Eram os dois cantando, lendo do livro, de costas pro resto do mundo, como se estivessem cantando pra eles mesmos ou pra ninguém ou pra deus. Fiquei extremamente impressionada. Mesmo. Foi a experiência mais espiritual que já tive. Não pude ficar por lá muito tempo, pelo menos não tanto quanto gostaria. Por mim ficava até o final, até terminar o culto, a reza, o rito, a música, enfim, o que for que estivesse acontecendo ali. Preciso voltar lá e ver e ouvir aquilo de novo. Preciso encontrar uma igreja assim no Rio. Não digo que vou me converter ou mesmo que me interesse entender o que acontece ali, porque acho que o mais interessante pra mim é o mistério daquele rito estranho que me pareceu saído de uma época antiga e já morta e esquecida. Me pareceu estar olhando e tomando parte de algo tão maior e antigo que eu não poderia compreender mesmo que tentasse. Mesmo que quisesse. E eu não quero. Não quero explicações. Só quero ver e ouvir aquela mágica de novo.

sexta-feira, maio 14, 2004

Pular ou voar?

Hoje estou meio estranha. Não tô legal. Não sei porque, mas não tô legal. Então eu estava na janela da sala de café. Aqui no IMPA tem uma sala de
café. Então eu estava na janela da sala de café, olhando pra baixo, pra longe. Pensando em pular. Não em pular pra me matar, pra morrer, pra fugir do assunto chato ou pra chamar atenção. Não, nada disso. Pular só pra
pular, pra sentir o impacto do chão. pra ver onde eu ia cair. Pra cair e só. Porque o risco inerente ao pulo, à queda e que não existe no vôo. Esse risco é parte do motivo porque eu prefiro pular a voar. Preferia saber
pular. Pular que nem o Luigi do Super Mario 2. Saca? O Luigi pulava muito
legal. Ou um sapinho. Não pulei, claro. Eu não ia me machucar muito se
pulasse. Talvez um pouco. Não muito. Mas ia ser chato ter que explicar por que eu pulei. Explicar que não, não tinha nada a ver com eles. Ou talvez tivesse, mas não muito. Que pular é legal e eu pulei porque quis. Não que condene o suicídio. Não, pelo contrário. Acho ótimo que exista como possibilidade. Acho mesmo a idéia da morte reconfortante. Mesmo. O nunca mais é assustador, mas muito confortador
também. Mas estou saindo do assunto. O assunto é pulo. Um dia eu pulo.

quinta-feira, maio 13, 2004

Nada demais

Sei lá, me deu vontade de escrever. Mas eu não tenho nada pra dizer. Nada especial. Comprei um livro do Terry Pratchett. Espero que seja bom. Reli A Casa de Bonecas. É bom. Vou viajar de novo, acho que vai ser bom. Vai sim. Viajar é bom, lugares diferentes. É bom. Não tô muito animada, mas isso é só porque eu não tô muito animada. Comprei um pirulito. Fazia muito tempo que não comia pirulito. Pirulito não se come, se chupa. Ainda tem guarda-chuvinha lá em casa. De chocolate, marca Ki-Kakau. Muito bom. Curitiba foi bacana, foi sim. Gostei de conhecer Wander-Wildner. Pena que não vou estar no Rio 29 de maio, vai ter show dele. Foi na verdade o melhor show do festival. O melhor show enquanto show. Ainda tô mastigando o canudinho do pirulito. Saco. O Manta é muito fofo, já li o Shaman dessa semana. Esse ano. O tempo esse ano tá passando de forma tão estranha. E eu ainda não vi Elefante nem Kill Bill. Vi Bicicletas, muito bom. Tenho que ver Kill Bill, apesar da minha implicância com aquele rapaz. Não que eu tenha visto dele algo que não gostei, o que eu vi é bom. Mas a implicância continua. Alguns preconceitos a gente deve guardar. É bom, é sim. Tá, tô indo almoçar.

quarta-feira, maio 05, 2004

You're the One for me, fatty

Eu tenho um cd do Morrissey, fiquei um bom tempo sem ouvir e agora nem sei mais porque. Morrissey é muito bom. O título do post é a minha música favorita do disco, desde sempre. Mas as outras também são maravilhosas. Tem uma linda que fala "Come on to my house, come on and do something new. I know you love one person, so why can't you love two." Acho que conheci Morrissey pelo Fabio. Acho não, tenho certeza. Só nunca entendi porque antes de comprar cd dos Smiths, eu comprei do próprio Morrissey. Precisamente esse cd que estou ouvindo agora, que é o único que eu tenho dele. Acho que eu sei porque eu gosto do Morrissey e porque eu gosto dessas músicas mais especificamente. Acho que é porque elas não enrolam. Elas vão direto ao ponto. Ele diz o que quer dizer, não faz firula, não faz metáforas. Eu sei que metáforas são importantes e algumas são até bonitas, mas eu gosto disso de dizer o que se quer dizer. Por isso mesmo, acho, não gosto de poesia. Isso pode até significar que que eu sou pouco profunda, mas mesmo no rasinho se pode afogar.