terça-feira, maio 31, 2005

Índio morto não fala à toa

'Ele vai falar?' eu perguntei.
'Vai falar sim, minha filha. Ele vai falar e você preste atenção, que índio morto não fala à toa' a velha respondeu.

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Esse diálogo foi o que me ficou do sonho desta noite. Isso e a impressão de estranheza, como se o sonho tivesse sido gravado de trás pra frente. O diálogo se passa no meio da floresta e eu - ajoelhada na terra - tenho as mãos ao redor do pescoço do índio, que está caído no chão. Quando ele morresse, me diria algo.

Acho que tenho que ler coisas mais leves antes de dormir...

terça-feira, maio 24, 2005

De Sonhos e Deuses

Nossa, faz mais de mês dessa vez. E ainda eu não tenho nada pra escrever. Mas isso nunca mesmo me impediu, né? Se blog é pra ser pessoal, eu posso dizer, pra quem quiser gastar vista pra ler, que eu tive um sonho verde essa noite. Não lembro de nada do sonho, só que era verde. E posso dizer que (finalmente!) estreei minha bicicleta outro dia, mesmo que andando só um pouquim. Que tenho essa música na minha cabeça (que é melhor, porque pelo menos não é rock)

Like the beat, beat, beat of the tom-tom
When the evening shadows fall,
Like the tick, tick, tock of the stately clock
As it stands against the wall,
Like the drip, drip, drip of the raindrops
When the summer shower is through,
So a voice within me keeps repeating,
"You. You. You."

Night and Day, you are the one;
Only you beneath the moon and under the sun.
Whether near to me or far,
It's no matter, darling, where you are.
I think of you, Night and Day.

Mas de tudo o mais legal, acho, é o sonho verde. Eu gosto muito quando sonho cor. Quer dizer, acho que eu sempre sonho cor, porque cinza é chato demais. Mas é raro eu lembrar de sonho, mais ainda raro é lembrar da cor do dito cujo. Outro dia eu sonhei, lembro do enredo todo, mas não da cor. Quer dizer, lembro só da cor azul da meia do sonho. Porque nesse sonho tinha uma meia furada. Legal, né? Sonhar com meia furada. Bom, eu gostei desse sonho. Mais ou menos. Não, gostei sim. :)

Dizer "eu sempre sonho cor porque cinza é chato demais", prum matemático pega até mal, né? Mas é engraçado: se na matemática as coisas devem ser porque a gente prova que são, eu acho que na vida as coisas devem ser porque sim. Porque é mais bonito, porque senão não tem graça. Por isso eu acho que as nuvens são sim monstros voadores, tipo como algas aéreas e que comem o equivalente aéreo do plâncton. E acredito sim que os ventos são deuses, deuses do movimento e por isso, quando o vento chega, as coisas que são mais fracas se deixam influenciar por ele, ficam possuídas e saem andando. Mesmo que elas não tenham vontade. E por isso, quando o vento bate forte na gente, mesmo a gente tendo vontade, ele carrega a gente, ele faz a gente ir pra onde ele quer. E depois sai rindo, carregando folhas e sacos plásticos.

Eu acredito porque é mais bonito. Mais bonito que dizer que nuvem é água (onde já se viu isso?) e que vento é diferença de pressão (que explicação mais sem graça!).