quarta-feira, março 05, 2008

Com o tempo tudo se aprende

Não nevava, ainda não nevava. O frio era tanto que se pelo menos nevasse... Mas não nevava e a bem da verdade faltavam alguns graus ainda para neve, não é? Era. Não fosse o frio a distância não seria tão grande, pensou. Por outro lado, lá para o outro lado, o frio apenas diminuía as distâncias e os quatro anos pareciam perto como um ontem. E de novo esse sentimento familiar de ter saudade do que nunca viu. Quantos já? Foram três já. Foram três. Um ao menos não perdeu, um de quatro, com o tempo se aprende. Com o tempo tudo se aprende. Um guardado, um de quatro. Dois perdidos, certamente. O terceiro ela ainda hesitava em deixar escapar. Esse ainda procurava, talvez o frio. Forse. O frio traz melancolia. O um que ainda está, esse um vale a pena. Esse um faz valer a pena. O futuro é o futuro e com o tempo tudo se aprende.

Ontem sonhou que estava morta. Estava morta assim, de repente. Se deu conta 'estou morta'. Ainda se mexia, ainda andava e falava e pensava. E sabia que estava morta. No sonho, verificava a temperatura das mãos, examinava a rigidez dos músculos. Afinal, estava morta. Mortos são frios e rígidos, era questão de tempo. Com o tempo tudo se aprende, procurou um lugar confortável, deitou-se e esperou.

Nenhum comentário: