terça-feira, fevereiro 12, 2008

Velha senhora - parte 4

Saí da casa da velha senhora levando comigo suas chaves. Não podia deixar seu corpo ali sozinho. Fui até a delegacia mais próxima e contei todo o ocorrido, desde minha saída de casa até o caos final. É claro que não acreditaram em mim, eu também não acreditaria se não tivesse acontecido comigo. Mostrei-lhes o ovo e me disseram que era só uma pedra. Com a minha insistência consegui que dois policiais me acompanhassem até a casa para ver o corpo. O cheiro de queimado já havia passado por completo, o que não me surpreendeu já que levei algumas horas para convencer a polícia. O que me surpreendeu foi o que eu vi no último quarto. Toda a fuligem, toda a fumaça havia sumido. O quarto estava limpo, como se nada houvesse acontecido. No chão, caída no mesmo lugar onde a havia visto, estava o corpo da velha. Não estava mais retorcido e negro de cinzas como antes. Em lugar disso, uma poça de sangue viscoso empapava seu vestido. Ao seu lado, uma pequena faca com um pássaro vermelho de asas abertas no cabo tinha a lâmina suja de sangue.
-- O que é isso? - me perguntaram os policiais. - Onde estão os sinais do fogo? Essa senhora foi assassinada!
-- Foi a fênix - eu disse. Estava em pânico. - Não fui eu!
Na delegacia me prenderam como suspeito. Encontraram minhas digitais na faca. Disseram que foi crime hediondo, um assassinato por motivo fútil. Pensaram que a matei pela pedra. A pedra vermelha - o ovo da fênix - foi coletado como evidência, deve estar arquivado em algum lugar da delegacia. Todo dia eu rezo para que meu julgamento venha logo. Sei que vou ser condenado, não me importa, só quero sair daqui, desta delegacia. Só quero sair daqui antes que o ovo choque, antes que a fênix renasça.

Um comentário:

Naomi Conte disse...

isso me dá medo, da vleha, da fênix, da juliana :-)