Eu estava relendo o Livro de Areia, quando me deparei com aquele conto "There are more things" (Já leu, Heitor?) que ele dedica ao H. P. Lovecraft. Eu já achei legal isso, porque dessa vez reconheci a criatura. Daí hoje de manhã que eu fui me dar conta do quanto o Borges é foda; Borges é foda demais. Porque ele não só presta homenagem com o tema do conto, mas também com o estilo. Sim! Ele copia o estilo do Lovecraft (pelo menos foi o que me pareceu, pessoas mais experientes em Lovecraft, me corrijam por favor). Aquele estilo cheio de adjetivos, cheio de firulas, que fica o tempo todo dizendo o quanto tudo é terrível. E que faz parecer que no fundo tudo é mais bobo do que realmente é. Eu, que não gostava desse conto, passei a gostar. Não gostava porque não reconhecia nele o Borges que eu gosto. O estilo do Borges, o estilo de lidar com o sobrenatural como se fora natural. Mas ainda está lá o Borges que tem a idéia, e inventa uma estória pra sua idéia. Pra não ser só a idéia. Pra não ser chato, nem bobo. O melhor exemplo disso é O Alef. O Alef, a única idéia ali, é o alef. E pra descrevê-lo ele não gasta mais que algumas folhas. Mas tudo antes e depois da visão do alef é a estória propriamente dita, que é boa e independe da idéia. É como se ele tivesse a idéia e construísse uma casa pra idéia morar. É isso. Borges é foda. Pra quem não conhece e quer conhecer, eu sugiro o Ficções.
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